Tudo o que ele pensava era no futuro, em como ia ser e porque ia ser assim. Ele imaginava os detalhes, os dias, as horas, os minutos, os segundos. Nada podia lhe fazer tão mal.
E foi numa certa nona-feira, que ele já havia decidido tomar uma xícara de café:
- amigo, um expresso curto
- tá bem, açucar ou adoçante?
- açucar, obrigado
- ...
- { Em que horas será que vou almoçar no domingo? Será que vai ter strogonoff de fôrno? Porque se tiver é melhor eu não acordar muito tarde... porque aí eu vou ficar sem fome, e eu gosto de comer strogonoff com fome... Será que lá pelas 14h fica pronto? Porque aí eu acordando umas senhor 9h30 acho que tá bom... hummm mas e se não tiver strogonoff? Aí eu nem senhor vou fazer tanta questão de comer com fome... hummm... que difícil, o que eu faç...}
- senhor?
- oh! estava distraído, hehe, me desculpe
- hehe, tudo bem... aqui seu café... e o açucarzinho...
- obrigado!
- ...
E ele adoça e toma seu café e pensa no futuro, pensa naquelas pessoas que lêem o futuro nas borras de café, e pensa se isso pode dar certo, observa o que restou na sua xícara e tenta encontrar algum padrão que lhe diga algo, quem sabe talvez sobre o que fazer no domingo:
- SENHOR!
- minha nossa!
- Senhor! Me desculpe, eu sou novo aqui, comecei hoje!
- ...
- ...
- do que você está falando?
- como assim, senhor?
- não tem nada de errado, você me trouxe o café e está tudo bem
- mas... o senhor não colocou o açucar que me pediu?
- claro! duas colheres, como sempre.
- ...
- ...
- o que foi, rapaz?
- senhor, eu me enganei...
- como assim?
- é que eu me confundi, o que eu trouxe pro senhor não fo..
- ora, sem problemas, um pouco de adoçante não faz mal, hehe
- ...
- ...
- ...
- meu jovem, o que houve?
- é que era sal
- ...
- ...
E ele parou pra pensar.