sábado, 12 de junho de 2010

o dia em que o tempo nos disse


Foi incomum. As pessoas ficaram assustadas. Eu fiquei assustado. Mas passado um certo tempo tudo ficou mais tranquilo. O bacana é que aconteceu com todo mundo. É igual você perguntar o que você tava fazendo quando caíram as Torres Gemêas (eu estava curiosamente ouvindo rádio).

Naquele dia eu tava apressado, como todo mundo era naquela época de alguns dias atrás (risos). Se não me engano eu estava correndo porque precisava terminar um desenho pra ser entregue no dia seguinte. Pois tinham me pedido naquela manhã. E por mais absurdo que isso pareça ser, naquela época era completamente corriqueiro. Eram três e meia da manhã quando eu abria a minha terceira lata de energético. Já tinha decidido virar a noite pra completar o desenho. Foi quando aconteceu. Apareceu esse cara que todo mundo diz que viu. Ele vestia roupas largas e vazava areia pelas calças também largas, caia bravamente sem cessar. Seu rosto era confuso, tinha números e ponteiros de metal, uns girando muito devagar e outros tão rápido que eu sequer podia perceber se não prestasse muita atenção. Dos seus braços saiam luzes como se fossem do sol e caiam litros d'água que não molhavam nem a areia nem meus papéis. Era uma visão que deveria assustar, mas era estranhamente familiar, não como um dejà vu, mas sim como se ele estivesse lá sempre. E quando comecei a sentir o cheiro de guardado envolto por um cheiro que jamais havia sentido, sua voz onipresente soou, não de sua boca, mas como se de dentro dos meus ouvidos. E isso aconteceu com todos.

Depois do que ele nos disse, as coisas ficaram desse jeito. Acho que todo mundo meio que se tocou do que tava fazendo, sabe? Esse correria toda da vida e tal...

O mais engraçado é que foi preciso o tempo parar pra nos falar que ele já tá correndo pela gente, que a gente não precisa correr por ele.

Foi um dia estranho.

Mas foi um bom dia.